Todo mundo sabe o quanto é
grande o meu amor por mulheres difíceis, neuróticas e perturbadas. Sim, porque
é notória a complexidade que habita em cada uma delas e como explodem à nossa vista
em falas, gestos, olhares; não obstante, essas mesmas nos intrigam com suas
lágrimas e seu modo visceral de amar...
Numa época em que “quem lê melhor, Lexotan”; Sexo, Champanhe e Tchau pode ser
considerada a maneira mais divertida e contemporânea de se fazer terapia em grupo e rever conceitos! Troque as pílulas por uma
reflexão emergencial , fugindo da negação que lhe consome, deixando de lado os
cigarros baratos, bebidas intragáveis e aquela música melosa.
Uma
deliciosa comedia que expõe os mais latentes dilemas femininos desde o
inicio da criação, da primeira mordida da maçã em terras paradisíacas, até esse
nosso hoje multifacetado e pós- moderno.
Jezebel
(Ana Cecília Mamede), uma jovem escritora que tem tudo para ser bem
sucedida, limita-se diante de seus medos, fugas, obsessões e incertezas. Essa figura
histérica representa bem a figura feminina atual que acumula funções, e como
uma mulher de Atena, ganha o pão seu de cada dia. Entretanto, tem como sua
maior dificuldade a decodificação de sentimentos e sensações; Assim como a
nossa romântica em crise, nos indagamos diante de um mundo tão rápido e cheio de papéis e expectativas.
Como em um ringue intrínseco que reflete a vida real, no decorrer do
espetáculo, juntamente a Jezebel travamos uma batalha íntima entrelaçada aos conselhos
valiosos de Ela (Mônica Montone); Essa funciona como a voz da razão à qual todos nós precisamos ouvir, mas
teimamos em dar o braço a torcer ou por orgulho ou menos valia.
Em 60 min de “autoanálise”, de maneira bem divertida e elucidativa,
aprendemos a nos enxergar de frente e entender que nem sempre o que estava em
jogo era realmente amor, talvez desejo, sexo, ou talvez nada mesmo, sim uma
necessidade tremenda de amor próprio, além de autoconhecimento!
A obra pode ser considerada também um guia para reflexão, já que estamos
sempre tentados a depositar na outra parte o foco de nossas dificuldades e
fraquezas, assim, voltando ao caos habitual!
Figurino moderno e romântico; cenário, luz e trilha sonora de uma sofisticação e bom
gosto inenarráveis; direção primorosa de Juliana Betti e texto de Mônica
Montone: É diversão com direito a bis na certa!
Williamgo
Jezebel (Ana Cecília Mamede) |
Ela (Mônica Montone) |
Imagens: Lucilia Dowslley
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